22 de outubro de 2010

Essa nossa mania de felicidade

Quem disse que as coisas precisam estar incríveis o tempo todo?
Por Liliane Prata

"Tem coisa que começa a ser espalhada e pega. A gente não sabe bem quem começou, mas, quando nos damos conta, já estamos comprando a ideia. E algumas boas ideias fazem um estrago danado! Bom, sem mais enrolação: o que quero fala aqui é dessa necessidade de ser feliz. Muito feliz. O tempo todo. Afinal, a vida é uma festa, podemos tudo o que queremos e precisamos aproveita cada momento ao máximo, certo? Bom, não sei se é certo. O que sei é que é uma pressão danada, isso sim. Quem disse que precisamos ser felizes o tempo todo?
Veja bem, não quero dizer que legal mesmo seria se a gente vivesse cabisbaixo. é muito mais gostoso se sentir bem do que se sentir mal, da mesma forma que, sei lá, chocolate ao leite é mais gostoso do que chocolate banco(Ok, não é da mesma forma). O problema é que, como você já deve te percebido, não dá pra ser feliz sempre. Na verdade, até meu priminho de 2 anos já deve ter notado isso-não é à toa que ele vive chorando. E ai a ideia do primeiro parágrafo, de que legal mesmo é ser feliz a toda hora, acaba se transformando numa armadilha.
Seja lá o que você entenda por felicidade, ela precisa de momentos de não felicidade pra ser o que é. E como diz a minha mãe: se não fosse o azul, o que seria do amarelo? Se sabemos que a alegria é tão gostosa de ser sentida, é porque já experimentamos momentos de tristeza também. Ou simplesmente de tédio. E é por isso que, quando a alegria vem, podemos ficar tão loucos por ela que queremos que ela esteja com a gente a cada instante. Mas, como meu priminho de 2 anos já percebeu, ela é uma coisa que vem e vai.
Não quero soar pessimista, mas não acredito num vale encantado chamado felicidade, que, depois de alcançado, fica com a gente pra sempre. Mesmo que você considere(eu gosto de considerar) felicidade um estado interno, que nem sempre coincide com o que ocorre fora de nós-tipo, podemos nos sentir felizes mesmo que as coisas não estão do jeito que a gente quer-, nosso estado interno varia muito. Aliás, o mundo seria bem repetitivo se olhássemos pra ele sempre com o mesmo olhar, não acha?
Mesmo o melhor dos trabalhos tem seus dias chatos. Um relacionamento ótimo pode ter dias de duvida ou marasmo. Podemos nos sentir feias, não precisamos estar afim de beijar nosso namorado sempre e podemos ter preguiça dos nossos amigos as vezes... E tudo bem!
Quem acreditou na história do primeiro paragrafo, de que a gente não só pode como tem que ser feliz o tempo todo, pode ficar meio decepcionado nessas horas. É por isso que eu acho que, abrir espaço para a tristeza e para os momentos mais ou menos da nossa vida, é libertados. Em vez de achar que tem alguma coisa errada quando não estamos alegres, pode ser maravilhoso aceita de braços abertos essa não-alegria e aproveitar para pensar um pouco na vida, experimentar as coisas de outro jeito, fazer poesia ou, sei lá, não fazer nada! O que importa é: parar de nos recriminar porque não estamos sendo bem-sucedidas nesse projeto maluco de ser alegre o tempo todo. Até porque esse projeto, pelo visto, pode trazer mais tristeza do que alegria!"

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