“Desde criança tive a
tendênca para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de
amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se
realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas
coisas, como em todas, não devemos ser tão dogmáticos.) Desde que
me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar
mentalmente, em figura, movimentos, caráter e história, várias
figuras irreais que eram pra mim tão visiveis e minhas como as
coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamete, a vida real.
(…)
E assim arranjei, e
propaguei, vários amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que
ainda hoje, a perto de trinta anos de distância, ouço, sinto, vejo.
Repito: ouço, sinto, vejo... E tenho saudades deles.”
Conhecido por seus textos singulares e por seus heterônimos, Fernando Pessoa se tornou um de meus autores favoritos. Talvez nem tanto por seus textos, mas por ele próprio, como pessoa, se é que me entende.
O texto acima poderia muito bem ter sido escrito por mim. Me dscreve muito, muito bem.
Tenho esse blog como um diário (embora não venha aqui todos os dias-não mesmo) e espero ser compreendida quando digo que tive muitos amigos imaginários e tenho até hoje. Já são quase reais. (rs) Que 'vivi' coisas que gostaria ter realmente vivido. Enfim...
É por isso que digo que vivo num mundo paralelo, imaginário. Gostaria que outras pessoas pudessem entrar nesse meu mundo, mas é algo tão particular que acho que ninguém entenderia, assim como não entendem.
Só tenho uma coisa a dizer: Obrigada Fernando Pessoa, por me descrever tão bem, como eu nunca poderia ter feito. Obrigada.